Deixe a criança descobrir sozinha a verdade sobre Papai Noel
Figuras folclóricas, como o Papai
Noel, ajudam a desenvolver a criatividade infantil
É só chegar o fim do ano que
muitos pais ficam na dúvida sobre contar ou não para as crianças a verdadeira
história de Papai Noel. A dúvida faz todo o sentido, pois, além de ser uma
delícia acompanhar o envolvimento do filho com a data, a fantasia e a crença no
bom velhinho, assim como em outros personagens do gênero, estimulam a criatividade
e a imaginação.
"É lúdico, uma fase
importante, que faz parte do mundo fantástico. As crianças usam essas figuras
para lidar com a realidade e depois descobrem, naturalmente, que bruxa, coelho
da páscoa, Saci Pererê e Papai Noel não existem", diz a psicopedagoga Ana
Cassia Maturano.
Por volta dos sete anos, a criança
começa a ter uma percepção mais clara sobre o assunto e maior capacidade de
entendimento. A desconfiança começa a surgir a partir de questionamentos
realistas sem resposta: "como o Papai Noel consegue estar em todas as
casas ao mesmo tempo?"; "como ele deixaria o presente se minha casa
não tem chaminé?"; "esse Papai Noel não parece meu tio?". A
confirmação vem por meio de colegas da escola, primos mais velhos ou qualquer
situação que comprove a impossibilidade dos elementos da fantasia.
"Normalmente, as crianças
descobrem a verdade bem antes que seus pais pensem em contar, mas elas gostam
de prolongar a brincadeira", afirma Heloisa Prieto, autora do livro
"Papai Noel, o Velhinho de Muitos Nomes" (Cia das Letrinhas).
Quezia Bombonatto, diretora da
ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), aconselha os pais a não
insistirem na crença caso a criança descubra a verdade. "O sonho não vai
acabar. Ela vai continuar recebendo presente, que é o que importa para ela.
Duro seria não receber mais depois da descoberta. Tem de deixar claro que é
apenas uma transferência, agora o presente vem dos pais", diz a
psicopedagoga.
E se a criança não descobrir
sozinha?
Para os profissionais, ao passar
dos sete anos, os pais devem introduzir o assunto, levando questionamentos para
as crianças. "Devem perguntar o que acham da história, onde o velhinho
mora, como traz o presente. Tem de cercar de uma forma que ela enxergue que não
existe por si só, e não jogar a verdade de uma vez", declara Quezia.
Segundo Ana Cassia, não perceber
a realidade depois de certa idade pode esconder algum problema e deve ser
motivo de alerta para os pais. "Não é natural uma criança de dez anos
acreditar no Papai Noel. Os amigos na escola podem até tirar sarro. Se ela não
consegue enxergar a realidade, tem de ver o que está acontecendo",
declara. "É muita fantasia para a idade. Os pais precisam entender o
porquê de o filho não querer crescer e ajudá-lo", fala Quezia.
http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2014/12/22/deixe-a-crianca-descobrir-sozinha-a-verdade-sobre-papai-noel.htm