Citadas pela 1ª vez no
Censo 2010, famílias com enteados são 2,5 milhões no Brasil
Dados inéditos do Censo
Demográfico 2010 mostram que mais de 2,5 milhões de famílias brasileiras têm
filhos de apenas um dos cônjuges. A amostra "Famílias e domicílios",
divulgada nesta quarta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), trabalha com um universo de aproximadamente 25 milhões de
casais com filhos.
Essa é a primeira vez
que o IBGE considera a existência de enteados --o órgão também levou em conta
outras combinações familiares para cruzar as informações obtidas no último
censo. De acordo com o resultado, mais de 80% das famílias brasileiras cujos
filhos moram na casa dos pais são constituídas de forma tradicional, isto é,
quando os filhos são do casal.
FAMÍLIAS RECONSTITUÍDAS
22.977.475 83,8%
Um ou mais filhos são do
casal
1.584.912 5,8%
Um ou mais filhos são
apenas do cônjuge que se autodeclara responsável pela unidade doméstica
918.812 3,4%
Um ou mais filhos são
apenas do cônjuge que não se autodeclara responsável pela unidade doméstica
1.943.164 7,1%
Índice de famílias que
possuem outras combinações não categorizadas pelo IBGE.
27.423.734 100%
Total de famílias
reconstituídas.
Censo Demográfico 2010
O desdobramento
censitário foi pensado, segundo o IBGE, para refletir uma nova realidade do processo
de formação familiar. Embora o modelo tradicional seja dominante, com quase 23
milhões de famílias nas quais os filhos moram com pai e mãe biológicos, os
enteados representam 5,8% do total de casal com filhos (mais de 1,5 milhão).
Nesse caso, um ou mais
indivíduos são filhos da pessoa que se autodeclara responsável pelo domicílio.
Tal situação ocorre, por exemplo, quando o pai, autodeclarado chefe da família,
mora com a mulher (madrasta) e um ou mais filhos na mesma residência.
Já quando o cônjuge em
questão (seja pai ou mãe) não é considerado o responsável pelo domicílio
(cabendo tal condição ao padrasto ou à madrasta), o percentual de famílias com
enteados é de 3,4% (cerca de 918 mil).
Em relação a outras
combinações possíveis, encaixam-se neste quesito quase 2 milhões de famílias
--o que representa 7,1% do total de casais com filhos.
O Censo 2010 mostra
ainda que quase 99% das famílias formadas por casais com filhos são
estruturadas de acordo com o que o IBGE chama de "nuclear básico",
isto é, o formato tradicional: pais e filhos. Pouco mais de 1% dessas famílias
são classificadas como "compostas": situação na qual há pessoas
agregadas na residência sem grau de parentesco, tais como empregadas
domésticas, por exemplo.
Casais sem filhos e
mulheres independentes
O desdobramento
censitário mostra ainda que o número percentual de casais sem filhos passou de
14,9%, em 2000, para 20,2%, em 2010, considerando o total de famílias. O índice
registrado há dois anos representa aproximadamente 9 milhões de casais.
De acordo com o IBGE,
essa variação pode ser explicada pelas "mudanças na estrutura familiar,
maior participação da mulher no mercado de trabalho, baixas taxas de
fecundidade e envelhecimento da população".
A amostra revela também
que o número de mulheres que criam filhos sozinhas é significativamente maior
do o que o de homens na mesma situação. Mais de 6 milhões de mulheres moram
sozinhas com um ou mais filhos (12,2%), enquanto os homens menos de 900 mil
nesse quesito (1,8%).
Considerando as áreas
urbanas e rurais, a diferença entre o percentual de famílias com mulheres que
criam sozinhas um ou mais filhos é praticamente o dobro: 13,1% estão na cidade,
e 6,7% no campo. Já em relação aos homens, a situação é inversa: 1,9% estão situadas
no campo, dois pontos percentuais a mais em relação a áreas urbanas.
DISTRIBUIÇÃO
PERCENTUAL DAS FAMÍLIAS
Divulgação/IBGE
O cálculo é feito a
partir das famílias "únicas", que abrangem pai, mãe e filhos, e
famílias com "conviventes principais", isto é, quando há ocorrência
de parentes vivendo na mesma residência.
Dados gerais
Das cerca de 57 milhões
de unidades domésticas recenseadas em 2010, 6,9 milhões eram ocupadas por
apenas um morador, o que corresponde a 12,1% --um crescimento de quase três
pontos percentuais nos últimos dez anos. Já 50 milhões eram ocupadas por duas
ou mais pessoas com parentesco (87,2%).
Fenômeno característico
dos grandes centros urbanos, a crescente proporção de pessoas que moram
sozinhas tem sido observada com mais frequência em Estados com índices mais
altos de envelhecimento da população: Rio de Janeiro --onde esse tipo de
unidade doméstica passou de 11,2% para 15,6% no mesmo período-- e Rio Grande do
Sul, que subiu de 10,9% para 15,2%.
Segundo o levantamento,
entre as capitais, Porto Alegre (RS) lidera o ranking de pessoas que moram
sozinhas, respondendo por 21,6% das unidades domésticas unipessoais.
Considerando as diversas
possibilidades de configuração familiar, o total de famílias nas unidades
domésticas com duas ou mais pessoas com parentesco chega a cerca de 54,5
milhões. Já 400 mil unidades domésticas não contavam com pessoas aparentadas
entre si (0,7%) --o que diz respeito a situações nas quais amigos dividem um
apartamento, por exemplo.
DISTRIBUIÇÃO
PERCENTUAL DAS UNIDADES DOMÉSTICAS
Divulgação/IBGE
Censo 2010
Participaram do Censo
2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios
brasileiros entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da
pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram
divulgados em abril de 2011. Ao longo de 2012, têm sido produzidos novos
resultados, apresentados em volumes temáticos.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/10/17/pesquisa-inedita-do-ibge-mostra-que-mais-de-25-milhoes-de-familias-brasileiras-tem-enteados.htm