9 erros dos pais no
desenvolvimento da fala das crianças
Entenda - e aprenda a evitar - os
equívocos mais comuns cometidos pelos adultos quando os filhos estão aprendendo
a falar
Desde o nascimento dos filhos, um
dos momentos mais esperados é o da primeira palavra – e que ela seja, de
preferência, “mamã” ou “papá”. Mas, sem saber, os pais podem atrapalhar o
caminho natural da criança rumo à fala. Antes mesmo do seu filho começar a
emitir os primeiros sons, algumas atitudes devem ser evitadas. Entenda quais
são os principais erros cometidos e aprenda a evitá-los.
1. Não repita a palavra errada
Um dos equívocos mais comuns dos
pais é repetir a palavra errada que o filho disse antes de corrigi-lo. A
fonoaudióloga Bianca Sabbag, especialista em linguagem da EDAC (Equipe de
Diagnóstico e Atendimento Clínico), em São Paulo, explica: se a criança disser
“pato” em vez de “prato”, os pais não devem dar respostas como “não é 'pato', é
'prato'”. A melhor opção é somente repetir a palavra correta – de maneira
exagerada, se necessário: “Ah, você quer o prato ? A mamãe vai pegar o prato
para você”. “Nunca dê o modelo errado. E dar as duas informações para a criança
pode dificultar o desenvolvimento da linguagem”, afirma.
2. Evite o tatibitate
Trocar as consoantes e abusar dos
diminutivos, dizendo sempre “ti nenê bonitinho da mamãezinha” em vez de “que
nenê bonito da mamãe”, também atrapalha o desenvolvimento da linguagem
infantil. De acordo com a fonoaudióloga clínica Danielle Lins , de Belo
Horizonte, ao conversar com os filhos que ainda não sabem o som correto das
palavras, é melhor não usá-las sempre no diminutivo. O ideal é empregar o
vocabulário adequado desde a chegada do bebê, já que ele está desenvolvendo a
fala durante os primeiros anos de vida. “Até os cinco anos de idade ele já deve
estar se comunicando muito bem”, diz Patrícia Junqueira, fonoaudióloga do
Hospital São Luiz, em São Paulo.
3. Não use palavras substitutas
Falar sempre corretamente com a
criança é a melhor escolha que os pais podem fazer, embora às vezes pareça
difícil. Falar errado ou substituir palavras por outras inexistentes, mas mais
fáceis – como mamadeira por “tetê” – pode parecer uma mão na roda, mas não é.
Como a palavra certa é outra, a criança tem que aprender duas vezes. “Como a
criança tende a se espelhar no adulto, se eles falarem errado, ela será
influenciada”, diz a fonoaudióloga Lindsei Paupitz, do Hospital Pequeno
Príncipe, em Curitiba.
4. Não antecipe nem interrompa a
criança
Quando a criança está com
dificuldades para completar uma frase, não a apresse. “É preciso deixá-la falar
no tempo dela, e os pais não podem competir com isso”, diz Lindsei. Se os pais
se habituarem a antecipar o discurso, a criança sempre vai esperar que alguém
fale por ela.
O problema se agrava na fase da
gagueira , comum por volta dos três ou quatro anos de idade. De acordo com
Bianca, nesta época costuma haver um aumento repentino do vocabulário e a
elaboração mental não acompanha a elaboração motora. “Ela acaba gaguejando,
atropelando as palavras e se repetindo”, diz. Interromper as crianças o tempo
todo também faz com que elas se estressem.
5. Não aceite a linguagem gestual
Muitas crianças usam gestos para
conseguir o que querem. A linguagem gestual pode ser uma ponte, mas deve ser
superada. Se os pais sempre entregam ao filho um objeto simplesmente apontado,
a criança se habitua e não aprende a pedir o que quer. “Isso cria a
substituição da linguagem oral pela gestual. Embora a criança ainda não fale, o
pai deve explicar o que é aquilo”, diz Patrícia Junqueira. Por isso, no momento
em que o filho apontar a mamadeira, é indicado que os pais digam: “Ah, você
quer a mamadeira? Papai vai te dar a mamadeira”.
6. Não permita chupeta ou
mamadeira após os dois anos de idade
Permitir que a criança fale com a
chupeta na boca atrapalha a pronúcia e dificulta o aprendizado. “Estes hábitos
causam um posicionamento incorreto e podem gerar até mesmo uma flacidez da
língua”, diz Patrícia.
7. Não torne a palavra errada uma
diversão para a família
Não raro, uma palavra falada
errada soa tão divertida e engraçadinha que se torna um entretenimento
familiar. Mas repetir demais a brincadeira pode trazer problemas, alerta a
fonoaudióloga Regina Donnamaria Morais, do Grupo de Saúde Oral da SPSP
(Sociedade de Pediatria de São Paulo). “Prolongar por muito tempo uma forma de
fala equivocada dá, aos pais, um prolongamento do tempo de infantilidade do
filho”. Quanto mais tempo isso prevalecer, mais complicado será corrigir.
8. Fale na altura da criança
sempre que possível
Bianca Sabbag, especialista do
EDAC, também indica aos pais ficar na mesma altura da criança ao se comunicar
com ela. “Abaixar para conversar e olhar no olho da criança é muito importante,
para que ela tenha esse modelo visual”, diz. Poder observar os movimentos da
boca do adulto colabora bastante para o desenvolvimento da fala infantil.
9. Se necessário, procure ajuda
Cada criança tem um tempo de
desenvolvimento próprio e isso também vale para a fala. Mas existem alguns
marcos gerais. De acordo com a fonoaudióloga Patrícia Junqueira, a partir dos
dois anos de idade a criança já deve ser capaz de dar um movimento ao diálogo,
formando frases como “quer água” ou “dá mamar”. Até os quatro anos e meio, a
criança já deve conseguir usar a linguagem muito bem, explicando situações e
articulando adequadamente todos os sons. “Esta idade é o limite”, diz Bianca
Sabbag. Se a criança ainda tiver dificuldades depois deste período, é indicado
procurar um profissional da área. E se ela não realizou o teste da orelhinha ao
nascer, é melhor correr atrás o quanto antes. Ela pode estar com problemas de
audição.
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