A Importância
do Desenvolvimento na Primeira Infância
A construção de uma sociedade
produtiva e próspera está diretamente relacionada com o investimento realizado
nos primeiros anos de vida das crianças, mais especialmente nos três anos
iniciais, incluindo também a gestação.
É neste período, de zero até os 3
anos, que se estabelecem as bases do desenvolvimento físico, intelectual e
psicossocial da criança e que oferecerão as condições para que se torne um
adulto capaz de conduzir com autonomia e prosperidade a sua vida.
Este processo é, em parte, decorrente
da determinação genética herdada de pai e mãe. Entretanto, após o nascimento, a
criança passa a estabelecer um relacionamento pessoal com seus cuidadores, que
na maior parte das vezes são os próprios pais. É justamente este ambiente
familiar que irá promover e facilitar o estabelecimento dos vínculos iniciais
do bebê.
Como sabemos, o bebê é um ser
inteiramente dependente e necessita de cuidados permanentes: alimentação,
higiene, estímulos e afeto. Neste sentido, suas vivências emocionais iniciais
são bastante ameaçadoras, já que não possui condições próprias de subsistência.
A atenção materna por meio da amamentação, dos cuidados alimentares, do
acolhimento afetuoso em seus braços, da fala tranquilizadora e amorosa, fazem
com que o bebê viva esta experiência de forma segura e se aquiete. A repetição
desta continência pelos pais nas horas seguintes, nos dias e semanas sucessivas
para as mais variadas situações que surgirem, promoverá na criança o
desenvolvimento de habilidades pela experiência vivenciada, tornando-o um
indivíduo seguro e capaz de lidar com a complexidade das futuras solicitações.
As boas vivências que a criança
compartilhar com seus familiares a partir de então vão moldando o seu
desenvolvimento. Inicia-se nesta fase o aprendizado das regras de convivência:
o que pode e o que não pode, o que é seu e o que é do outro, entenderá que tem
sua oportunidade para falar e deve respeitar quando outro o faz, e assim por
diante. É um longo processo que parte das situações mais elementares para as
mais complexas. No decorrer deste processo, a criança percebe a necessidade de
aprender a cuidar-se e, então, fazer as coisas por conta própria. Inicia-se a
percepção de que seus desejos nem sempre serão atendidos; que muitas vezes terá
que tolerar o fato de não ser atendido ou de não conseguir o que pretende -
mesmo que esteja tentando por suas próprias iniciativas.
Nestas oportunidades, a criança
estará lidando com seus sentimentos de frustração, inicialmente desagradáveis,
mas muitas vezes úteis e de grande importância para seu desenvolvimento
emocional. Ela deverá contar sempre, e principalmente, com a disponibilidade de
seus pais, para juntos facilitarem esta caminhada de crescimento emocional.
Por outro lado, quando este processo
ocorre de modo inadequado pela não atuação e participação dos pais, a criança
não consegue estruturar as melhores condições para lidar com as suas emoções.
Poderá se tornar pouco habilidosa para administrar as adversidades naturais do
dia a dia, desenvolvendo uma baixa tolerância à frustração, além de comportamentos
desviantes e que irão prejudicá-la no seu desempenho como ser social. Isso não
favorece ajustes nos seus relacionamentos futuros e gera sensíveis prejuízos no
seu desempenho como pessoa.
É fundamental que os pais sejam
esclarecidos da importância da sua participação no desenvolvimento dos seus
filhos. Necessitam saber que são eles que vão moldar este desenvolvimento e por
isso precisam estar atentos e informados para agir da melhor forma.
Os pais devem buscar informações e
orientações para que melhor possam desempenhar suas funções. Conversas
dirigidas com seu Pediatra, leitura de livros sobre esses temas e até mesmo a
troca de experiências com familiares e amigos são iniciativas que vão ajudá-los
a atuar de um modo mais cuidadoso e eficiente na relação com seus filhos.
A criação de filhos não é uma tarefa
simples. Pelo contrário, algumas circunstâncias que parecem elementares, muitas
vezes trazem consigo condutas complexas com muitas dúvidas agregadas. E como a
criança é um ser em desenvolvimento, a cada faixa etária vão surgindo novas
situações, exigindo dos pais um ajuste nas suas atitudes.
Felizmente, em nosso país, estamos
vivendo um momento bastante especial no qual cresce o interesse e o
investimento na primeira infância. Políticas públicas nos âmbitos federal,
estadual e municipal vêm se desenvolvendo de modo integrado. Despertamos para a
importância do investimento nesta época da vida. Projetos já executados em
décadas anteriores em populações com alto índice de vulnerabilidade infantil
mostraram evidências de que investir na primeira infância é altamente
gratificante a curto, médio e longo prazo: o aprendizado escolar é melhor, há
menos delinquência e uso de álcool e drogas, o desempenho profissional na idade
adulta é melhor e mais qualificado, refletindo-se numa renda melhor.
Todos nós conhecemos muito bem o
valor das novas tecnologias e o quanto elas nos são úteis. Entretanto podemos
atualmente adquiri-las com facilidade, mesmo que estejam em outros continentes.
As tecnologias já estão inseridas no processo educacional e não fazem mais
tanta diferença. Hoje, o que faz a diferença é a educação no sentido amplo,
desde os primeiros tempos de vida. E, para isto, os pais precisam estar
preparados. Aos pediatras cabe uma parte importante desta tarefa. Boa sorte a
todos nesta árdua e fascinante missão.
Autor: Departamento Científico do
Comportamento e Desenvolvimento (Sociedade Brasileira de Pediatria)
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria
http://www.hospitalinfantilsabara.org.br/saude-da-crianca/informacoes-sobre-doencas/importancia-do-desenvolvimento-na-primeira-infancia.php